terça-feira, 3 de agosto de 2010

Aposta do Enem.

A equipe educacional do governo está apostando novamente. Com a publicação dos resultados do Enem, aposta que as escolas públicas vão fazer alguma coisa para melhorar a qualidade do nosso ensino médio, considerado um dos de pior cotação do mundo. Só que ela esqueceu de um pequeno detalhe: faltou combinar com as escolas se elas querem entrar nesse jogo de aposta. Afinal, o Enem contribui para a qualidade das escolas? Quem são os responsáveis pela melhoria? Como saber o que mudar? O que é ensino de qualidade?

Comentário

Por mais bem intencionado que seja o Exame Nacional do Ensino Médio, ele não resolverá sozinho o desnível de qualidade das escolas públicas em relação às escolas particulares. Sem um Programa de Qualidade Educacional, nenhum ranking de escolas será a solução.
Diferente dos programas tradicionais, o PQE é um recurso da administração moderna que não precisa de grandes investimentos para introduzir a qualidade nas escolas. Ele seria mais uma ação de marketing: uma grande campanha de divulgação das ideias de qualidade para diretores de escolas, gestores, coordenadores, professores e funcionários. Seriam usados todos os meios possíveis para implantar o conceito de qualidade, na esperança de mudar o comportamento e a mentalidade no setor educacional e colocar as escolas públicas em condições de igualdade de competir com as escolas particulares. Deve-se introduzir o conceito de que o controle de qualidade na escola deve ser exercido por todos que executem quaisquer atividades, pedagógicas ou não. Cada escola tem de arregaçar as mangas e aprender a fazer os ajustes organizacionais para aprimorar seu currículo, melhorar o aproveitamento dos alunos, aproveitar melhor os seus recursos e, dessa forma, aumentar a qualidade do ensino que fornece.
O conceito de qualidade seria incluído nos currículos de grau superior e seria desenvolvida uma série de normas de garantia de qualidade para reger a educação das escolas. Garantia de qualidade não é avaliar o produto final, como faz o Enem, mas a forma correta de fazer as coisas em todas as etapas. Para isso deve haver procedimentos claros, orientação segura e metas a atingir. Seria um grande movimento motivacional, uma espécie de ISO Educacional.
As famílias, principais beneficiadas pelo PQE, passariam a exigir a conformidade com essas normas e pressionariam as escolas para melhorarem, e a coisa iria se propagando. É um efeito dominó.
Tudo isso é muito bonito, mas fora da nossa realidade? Será? Depende. Se a posição do “faz de conta que damos aulas, os alunos fazem de conta que aprendem” continuar prevalecendo, as escolas públicas continuarão a disputar a liderança ... das escolas públicas. Ou poderão, quem sabe, desbancar as últimas escolas particulares. Já seria uma grande aposta.

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