segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Voltar atrás ou dar um passo à frente?

Um dos grandes arrependimentos da escola é a decisão que teve que tomar três anos atrás. Colocada contra a parede pelo assédio da concorrência dos cursinhos que se associaram às escolas da região e atraiu boa parte de seus alunos, a escola decidiu descontinuar o Ensino Médio. Agora que a poeira baixou a escola chegou à conclusão que foi um mau negócio. Uma nova diretora foi contratada com a tarefa de reinaugurar o Ensino Médio. Será que ela daria conta do recado?

Comentário

A nova diretora contratada herdou, de imediato, uma batata quente. Seria viável reinstalar o Ensino Médio que fora descontinuado três anos antes? Como os alunos reagiriam? Quem se interessaria pelo novo Ensino Médio se ele no passado provou ser fraco e incapaz de competir? Quem garantiria que ele não tivesse o mesmo fim que o anterior? Como seria afetada a imagem da escola? Você não pode decidir sem informações e a primeira coisa que ela fez foi contratar uma assessoria profissional para analisar interna e externamente o potencial de interesse pelo retorno do Ensino Médio. Nos meses que se seguiram, todos os alunos do Ensino Fundamental a partir do 6º ano foram entrevistados. Os pais também foram ouvidos e o mesmo foi feito com os professores. Para completar, pais de outras escolas participaram de discussões em grupo. Não foi pouca coisa. Ela fez a coisa certa, porque a conclusão da pesquisa foi totalmente desfavorável à volta do Ensino Médio. O que a diretora fez em seguida mostrou que ela tinha uma cabeça gerencial e era uma estrategista de mão cheia. Primeiro: reforçou o Ensino Fundamental contratando os melhores professores da região. Segundo: entrou em negociação com uma escola concorrente, que tinha uma imagem excelente do Ensino Médio, mas cujo Ensino Fundamental não tinha muita fama, coisa que não passara pela cabeça dos mantenedores e teria chance reduzida de ocorrer em circunstâncias normais. A parceria foi acertada e as duas escolas decidiram juntar forças para ambas oferecerem o ensino básico completo, mantendo as duas sedes e as administrações separadas. A diretora soube escolher um caminho. É assim que gestão funciona. Para escolas e pessoas também.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Como um estudo do meio se transformou
numa aula de decisão estratégica.

No ano passado, a escola quis fazer o melhor estudo do meio de todos os tempos: não nos lugares de sempre, mas em outro que surpreendesse os pais e alunos. A notícia acabou vazando e criando a maior expectativa na escola. A coordenadora responsável pelo estudo do meio estava tão entusiasmada e envolvida emocionalmente com o projeto, que bateu pé em sua sugestão que ela considerava excepcional. Ela argumentava que a imagem da escola poderia ser prejudicada se o estudo do meio não fosse realizado no lugar que ela recomendava e defendia com unhas e dentes. A diretora respirou fundo, olhou para a empolgação da coordenadora e perguntou a si mesma: e agora, como vou decidir?

Comentário

Decisões erradas devido a envolvimento emocional acontecem a todos os níveis. Você deixaria, por exemplo, que um aficionado por computadores tomasse a decisão sobre a política de informática de sua escola? Entusiasmo e envolvimento emocional não são bons conselheiros na hora de tomar uma decisão. A probabilidade de dar certo ou errado fica dividida. Vale a pena correr o risco?
O que fez a diretora? Ficou impassível, escutou com atenção redobrada, considerou todos os pontos positivos e negativos e os riscos. Apesar de respeitar o estilo pessoal da coordenadora, ela procurou ser justa e honesta, designando uma outra colega para visitar o local e verificar se os fatos estavam corretos ou não. A diretora tinha experiência de liderança suficiente para saber que a maioria das decisões erradas são consequência de excesso de entusiasmo e envolvimento emocional.
Felizmente o relatório da outra coordenadora apontou dificuldades incontornáveis de segurança dos alunos que facilitaram a decisão da diretora.
A lição que ficou para todos é que as decisões precisam ser planejadas e baseadas em alguns princípios estratégicos:
1) obtenha todas as informações;
2) examine cuidadosamente as alternativas que poderiam ser tomadas com base nestas informações;
3) analise com profundidade todas as consequências possíveis de cada uma destas alternativas;
4) determine a alternativa mais desejável: aquela que tenha poucos riscos e uma grande probabilidade de sucesso;
5) tome a decisão, com base em todas as informações obtidas.
Não se iluda. Apenas porque você planejou a sua decisão, nem tudo está resolvido. Isto é só parte do processo; será absolutamente necessário fazer com que as pessoas respeitem e executem o que ficou decidido. Mas esta já é outra história.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Se um problema der um nó em sua escola,
procure uma outra que já aprendeu a desatar.


Ao voltar de férias, a coordenadora da escola estava bastante entusiasmada. Na sua viagem ela conhecera uma colega de outra escola e puderam trocar ideias sobre vários problemas comuns. No início elas se mostraram um pouco resistentes, com receio de falarem além da conta mas, à medida que a conversa evoluia, elas sentiram orgulho de mostrar o que cada escola tinha de melhor. E ficaram encantadas quando perceberam que a maioria dos problemas eram semelhantes e que uma solução poderia perfeitamente ajudar na outra, sem precisar reinventar a roda. Quando ela tentou relatar a sua conversa para as colegas na primeira reunião da escola, ela recebeu uma ducha de água gelada. Suas colegas se sentiram desconfortáveis em debater a experiência alheia. Algumas ficaram céticas e outras levantaram dúvidas se aquela era uma atitude ética. A coordenadora se arrependeu de ter trazido o assunto para a reunião. Ela venceu os seus medos mas não conseguiu contagiar as demais. Em vez de mostrar como desatar nós, ela acabou criando mais um para ela mesma.

Comentário

Aprender a resolver um problema com quem já o enfrentou antes é um processo que já existe desde o início dos anos 70. Tem até um termo em inglês para isso: benchmarking. Em bom português, benchmarking é uma técnica que lhe permite aproveitar as experiências de outras escolas no contexto de sua própria escola. É a arte de identificar situações ou soluções que, de algum modo, são semelhantes aos desafios que você está enfrentando. É provável que você se sinta, a princípio, desconfortável por “roubar” idéias ou experiências que não são suas, mas os princípios de uma abordagem do problema, podem ser identificados e aplicados ao seu próprio contexto.
O benchmarking é um processo cumulativo, no qual as escolas copiam, aprimoram e são copiadas. Quando o assunto for qualidade do currículo, atendimento, formação do pessoal, alimentação, por exemplo, copiá-los de outras escolas no que elas têm de melhor, longe de ser um pecado, pode ser um aprendizado e um atalho para a excelência.
Por isso, em vez de rejeitar soluções que já foram encontradas e desatadas em outras escolas, encoraje o seu pessoal a aprender com os outros, a identificar a existência de afinidades e reaplicar o que aprenderam para desatar seus próprios nós, mas de modo original.
A coordenadora fez a sua parte. Ela pode ter recuado estrategicamente mas não pode perder sua atitude positiva e entusiasta. Vão surgir, com certeza, oportunidades mais propícias para que o benchmarking faça sentido para a sua escola.
Até que isso ocorra, ficam algumas sugestões:
- Defina padrões de excelência e quais as escolas que são lembradas imediatamente;
- Procure características superiores que são associadas à sua escola;
- Colete peças promocionais feitas pelas escolas concorrentes;
- Registre os preços adotados;
- Analise os currículos e calendários escolares;
- Telefone de vez em quando para outras escolas para “sentir” o atendimento;
- Visite as escolas e converse com a direção e com a coordenação;
- Convide-as para visitar a sua escola;
- Converse com os pais que têm filhos estudando em outras escolas;
- Troque ideias com ex-alunos que mudaram de escola.