terça-feira, 1 de junho de 2010

O contrato é assinado para ninguém sair perdendo.

O namoro durou vários meses. Durante esse tempo, a família seguiu todas as dicas para fazer uma boa escolha: visitou a escola, trocou ideias com amigos e parentes, conheceu o método de ensino, verificou as instalações, prestou atenção a todos os detalhes possíveis, observou o trabalho dos professores e dos funcionários, conversou com o diretor e o coordenador pedagógico, leu o contrato e assinou. O casamento foi comemorado com alívio pelos pais. Como se explica, então, que depois da assinatura do contrato o relacionamento não deu certo?

Comentário

Muita escola boa se ilude depois da assinatura do contrato, pensando que a sua compreensão do documento é a mesma dos pais. Confundir o enfoque da escola com o do cliente é um erro comum de visão, conhecimento e interpretação de posições que não são possíveis de serem confundidas, por serem intrinsecamente diferentes, embora afins, pois se ajudam e se completam, mas, ainda assim, diversas.
As escolas, nesse momento, entendem que os pais estão compromissados em cumprir todas as cláusulas mencionadas no contrato. Os pais, por sua vez, esperam que a escola considere a aquisição da vaga um crédito que lhe foi concedido. Portanto, é equivocado supor que o simples fato de aceitar uma matrícula dará à escola algum valor garantido. No entendimento dos pais, o que acontece é o oposto. É a escola que se encontra em posição de devedora e o aluno é o principal beneficiário. Quer dizer, ela vai passar os próximos doze anos, supondo que as famílias entrem no primeiro ano do Ensino Fundamental, pagando aos alunos em forma de valores e formação para a vida inteira.
Colocadas as coisas dessa forma, as escolas podem evitar problemas futuros de relacionamento reconhecendo logo de início que, embora estejam todos no mesmo barco, as expectativas das famílias são diferentes. Assim se evitam visões distorcidas e, consequentemente, erros. Não se trata somente de impor ao cliente o que a escola quer depois de assinar o contrato, mas de dar às famílias o que elas também querem. Mas afinal, o que é que as famílias querem? No fundo, elas querem as mesmas coisas de sempre: escolas que mantenham seus compromissos, que continuem se empenhando em fornecer serviços com qualidade, que cumpram o que prometeram e que demonstrem, na prática, que as duas partes poderão trabalhar juntas durante o longo período no qual a matrícula se transforma progressivamente na entrega.
Bem, entendendo o que tem verdadeiro valor para a família, o passo seguinte é a escola desenvolver a habilidade de oferecer atendimento sob medida para cada cliente, de acordo com suas necessidades, seus hábitos, as expectativas que ele tem na cabeça e o valor que quer gastar. Se há, assim, uma filosofia a ser implantada numa escola particular, em um ambiente complexo e exigente, essa filosofia é a do atendimento personalizado. Se você souber, o mais exatamente possível, como atender corretamente cada cliente seu, as famílias ficarão completamente apaixonadas pela sua escola. O futuro do relacionamento tende, naturalmente, a se tornar um intenso processo de troca no nível educacional, social e afetivo, em todas as áreas, incluindo aquelas que, em outros tempos, a escola considerava de responsabilidade exclusiva das famílias.
Será um contrato feliz, pois ninguém perde. E não é isso que, no fundo, sua escola deseja?

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