quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Chegou a hora da sucessão na escola. Mas o resultado não foi o esperado.

O sucesso da fundadora à frente da escola se devia às duas principais características do seu estilo de gestão. A primeira é a capacidade de liderança. Sem ela, a diretora não teria conseguido seu maior feito: reunir e manter ao longo dos anos uma equipe de trabalho de alto nível e comprometida com a proposta educacional da escola. A segunda característica marcante da fundadora era sua obsessão pela qualidade. Ela queria simplesmente que a sua escola fosse uma das melhores do País. Por uma dessas ironias da vida, a diretora adoeceu subitamente e precisou afastar-se por vários meses para um tratamento de saúde. No seu lugar assumiu a filha que, até então, era coordenadora de outra unidade. Desde o momento que ela assumiu porém, os problemas começaram. A equipe perdeu a motivação e se desagregou. A qualidade decaiu. O que aconteceu?

Comentário

Uma das coisas que mais chamou a atenção na mudança da diretoria foi a conversão muito rápida da filha em diretora. A passagem entre a posição relativamente cômoda que ela ocupava e o novo cargo se deu de maneira instantânea, sem que houvesse tempo para refletir sobre o que aconteceu. A diferença básica entre os dois momentos reside no fato de que antes ela não precisava liderar e agora, precisava.
A maioria das equipes de trabalho é gerenciada, e não liderada. Esse é um problema relativamente comum, mas que se torna sério nas escolas confrontadas por transição e mudança. Durante as transições organizacionais – quando as coisas ficam confusas, estressantes e, em geral, desestabilizadas – a equipe de trabalho procura desesperadamente por liderança. Processos de sucessão deveriam ser coordenados por assessorias especializadas, mas como a fundadora não se preparou para isso, foi mais fácil para ela colocar a filha no comando. Ela pode transferir o título de diretora para a filha, mas não foi possível transferir suas qualidades para ela. A probabilidade de uma filha ser igual ou seguir o exemplo da mãe é estatisticamente muito baixa. A equipe de trabalho não pode fazer da filha uma líder. Isso era com ela mesma. O título de diretora é só um rótulo. Líder é uma reputação … e a filha tinha que fazer por merecê-la. Mas ela pisou na bola ao culpar a equipe de trabalho por não aceitar a sua liderança. Isso foi uma desculpa esfarrapada. A liderança não resiste em consequência de ferimentos que ela mesmo se inflige. É o que você faz ou deixa de fazer, pessoalmente, que determina o seu calibre como líder. Ser líder requer uma série de capacitações e o entendimento de que a liderança não decorre de delegações ou laços familiares, e sim, da satisfação plena dos liderados e renovada permanentemente.

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