terça-feira, 5 de outubro de 2010

É possível prever a troca de escola?

Quase todas as pessoas responsáveis pela manutenção dos alunos têm um interesse profundo em saber por que os pais decidem tirá-los da escola. A questão fundamental por trás disso está na indagação: O que se deve fazer para evitar a troca de escola? Mas antes de começarmos a pensar em como convencer os pais a mudar de idéia, existe uma outra questão que pode ajudar muito na solução: Pode a intenção dos pais ser prevista? Como antecipar o comportamento dos pais antes que eles comuniquem a decisão de trocar de escola? Por que isso é importante?

Comentário

Volta e meia as escolas se queixam de que apesar de todo esforço que elas fazem, sem mais nem menos os pais comunicam a decisão de trocar de escola. A questão não é cada escola fazer o melhor que pode. Todo mundo já está fazendo isso. É preciso que as pessoas entendam as razões que levam os pais a trocar de escola. Além do mais, tem que haver coerência entre a compreensão das razões e o esforço das escolas.
Uma premissa importante é considerarmos não somente o nível de satisfação dos pais atuais mas também as insatisfações futuras que, mais cedo ou mais tarde, vão se manifestar. Hoje os pais estão satisfeitos com o prato oferecido pela escola, mas temos que intuir que no futuro, com a sua evolução, poderão querer outros pratos mais sofisticados. Como não sabemos quando e se essa nova fome se manifestará, precisamos analisar o padrão de conduta para intuir a propensão, o que está por vir.
Ao se antecipar ao futuro, ao entender e atender uma tendência que ainda não se manifestou de forma explícita, será possível a escola perceber os sinais tênues quando eles estão começando a se evidenciar. Quanto mais tempo os sinais forem ignorados, mais a intenção de trocar de escola vai aumentar. Chega-se a esses sinais pela eliminação, uma a uma, das causas específicas de possíveis dificuldades que forem detectadas por respostas às seguintes perguntas básicas:
Quem será que reluta mais a sair?
Quem é menos fiel à escola?
Quem decide trocar de escola?
Por que o fazem?
O que essas famílias gostariam que a escola fizesse para que elas permanecessem?
O que existe na escola que deixa de ser atraente para elas?
Quais eram suas queixas genéricas?
E quando, finalmente, decidem trocar de escola, quais são os motivos reais?
Não tenho todas as respostas. Seria preciso fazer uma análise mais completa, procurando conhecer o amplo espectro de motivos pelo qual cada um de seus alunos veio até você. Por que eles estavam insatisfeitos com a escola anterior? O que eles viram em você que não encontraram em nenhum outro lugar? Essas características, quando identificadas com competência, devem servir de ponto de partida para traçar o padrão de conduta de troca de escola.
Ao levantar esse tema, o meu objetivo é tornar menos imprevisível a decisão dos pais em trocar de escola. A minha intuição, depois de conversar com várias famílias e analisar o padrão de conduta e os relatórios de saídas, é que existe a possibilidade de enxergar e reverter a maioria das intenções, antes que elas aconteçam. Vai depender da forte capacidade da escola em assumir uma postura pró-ativa, não ficar esperando acontecer e mantiver em mente o princípio de que “a melhor forma de resolver um problema é evitar que ele seja um problema”.

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