terça-feira, 14 de setembro de 2010

Na minha carreira profissional de comunicação, tenho participado de inúmeras reuniões de apresentações organizadas para recepcionar pais novos que visitam as escolas. Muitas deixaram uma boa impressão, outras “choveram no molhado” e algumas me chamaram a atenção para um problema que nem sempre é bem percebido pelas escolas: os riscos do excesso de informações prestadas. É até um paradoxo dizer que muita informação pode não ser boa coisa para a imagem de uma escola. Mas esse risco é real, existe e chega a ser tão nocivo para os objetivos que a escola quer alcançar quanto um trabalho de comunicação deficiente. Afinal, o que se pode mostrar e o que não se pode?

Comentário

A cada ano, aumenta a ansiedade dos pais que participam das reuniões de apresentação do projeto pedagógico das escolas. Eles querem saber tudo sobre a escola, mas será que eles precisam ver tudo?
Esta dúvida leva muitas escolas, com as melhores intenções, a cometer um sério equívoco na elaboração de suas estratégias de apresentação: trocam o propósito de aparecer corretamente por uma filosofia de mostrar além da conta. O excesso de exposição da escola não significa, necessariamente, que sua política de comunicação esteja sendo eficaz. O risco embutido é criar expectativas que a escola não tem condições de atender de imediato ou mesmo no curto prazo. Pensando no relacionamento futuro, tanto as escolas quanto os pais deveriam tomar todo o cuidado para não incorrer nesse erro, aprendendo a respeitar as fronteiras do que é de competência das escolas e o que é das famílias.
A primeira regra deveria ser simples: há coisas que podem ser mostradas e há coisas que não devem ser mostradas. Não estou querendo dizer, com isso, que a escola deve se omitir. O princípio básico continua sendo o da transparência. Mas a principal função ou desafio das apresentações, a meu ver, é criar ambientes onde os pais sintam de tal forma os benefícios da proposta educacional que passem a considerar a matrícula de seus filhos na escola uma consequência natural. Aceita essa regra inicial, a segunda regra seria: não mostrar as coisas da escola que possam confundir os pais e criar neles uma falsa sensação de interferência no espaço escolar. É impossível e até contraproducente os pais se colocarem no papel de auxiliares do ensino, mesmo porque eles não têm formação para isso, nem as escolas estão dispostas a dar abertura para tanto.
Não existe uma fórmula científica – comunicação não é ciência exata – indicando o que, como e quanto a escola deve mostrar. Esses parâmetros resultam da experiência e das necessidades de cada escola. Mas duas dicas simples ajudam a matar a charada:
1) Mostrar em excesso só atrapalha
2) Mostrar o essencial só ajuda
Com estas dicas a sua escola não esconde nada. Ela só é discreta. Como deve ser.

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