segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Em educação, como em outros setores, há erros e acertos. Graças aos acertos, conseguimos avançar e aumentar consideravelmente o número de alunos matriculados. Mas são os erros que nos fazem empacar, ficar nas últimas posições no ranking de qualidade. O teste do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) coloca o Brasil nos últimos lugares. Conhecemos os erros. Precisamos lidar com muitos professores que não estão preparados. Falta de estímulo para quem faz certo ou puxões de orelha para os incompetentes. Aprendizado teórico e pouco prático. Currículo hermético e desinteressante. Tempo de classe insuficiente. Administração inoperante. E por aí vai. Em resumo, se ficarmos satisfeitos com os acertos, as escolas tenderão à mediocridade. O grande desafio é encarar os erros. E o pior deles seria ficar de fora, assistir e criticar o que os outros fazem. Somente com a cumplicidade de todos, independentemente do nível da sua função, será possível superar os erros e empurrar o sistema educativo para a frente, recuperando décadas de atraso e dando um salto de qualidade. O trabalho é enorme. Todas as pessoas, do diretor da escola ao professor, do coordenador educacional ao assessor de comunicação, devem estar comprometidas em melhorar o que cada uma é capaz e trabalhar entrosadas umas com as outras. No entanto, esses profissionais são pessoas ocupadas. Cada um deles está tão envolvido com o trabalho do dia a dia que talvez não percebam as implicações de suas ações e decisões cotidianas. Foi com essa finalidade que iniciei o meu blog Casos práticos de marketing nas escolas, em novembro do ano passado: abrir um espaço de reflexão sobre essas implicações, do ponto de vista do marketing. Os cinquenta textos do blog cobrem uma grande variedade de assuntos que vão além das salas de aula: comunicação, mediação, evasão de alunos, atendimento, recepção de alunos novos, fidelização, rede de relacionamento, motivação, internet, entre outros. Eles resumem experiências vividas ou presenciadas em muitas escolas. Acredito que tenha dado a minha contribuição para ampliar a visão dos leitores ao levantar erros e acertos, analisar implicações e sugerir mudanças dentro da minha área de atuação: comunicação e marketing.
Nestes 12 meses, 2500 visitantes prestigiaram o blog, com cerca de 50 acessos por texto blogado, uma média que serviu como uma fonte contínua de encorajamento e de inspiração. Além disso, 23 seguidores fizeram questão de acompanhá-lo mais de perto, aos quais aqui vai o meu “muito obrigado”.
Se você tiver comentários e sugestões a fazer ou quiser relatar casos vivenciados apreciaria muito recebê-los pelo e-mail horaciorosenthal@terra.com.br ou pelos telefones 3884-7641 e 3887-6573.
Até breve.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

É possível prever a troca de escola?

Quase todas as pessoas responsáveis pela manutenção dos alunos têm um interesse profundo em saber por que os pais decidem tirá-los da escola. A questão fundamental por trás disso está na indagação: O que se deve fazer para evitar a troca de escola? Mas antes de começarmos a pensar em como convencer os pais a mudar de idéia, existe uma outra questão que pode ajudar muito na solução: Pode a intenção dos pais ser prevista? Como antecipar o comportamento dos pais antes que eles comuniquem a decisão de trocar de escola? Por que isso é importante?

Comentário

Volta e meia as escolas se queixam de que apesar de todo esforço que elas fazem, sem mais nem menos os pais comunicam a decisão de trocar de escola. A questão não é cada escola fazer o melhor que pode. Todo mundo já está fazendo isso. É preciso que as pessoas entendam as razões que levam os pais a trocar de escola. Além do mais, tem que haver coerência entre a compreensão das razões e o esforço das escolas.
Uma premissa importante é considerarmos não somente o nível de satisfação dos pais atuais mas também as insatisfações futuras que, mais cedo ou mais tarde, vão se manifestar. Hoje os pais estão satisfeitos com o prato oferecido pela escola, mas temos que intuir que no futuro, com a sua evolução, poderão querer outros pratos mais sofisticados. Como não sabemos quando e se essa nova fome se manifestará, precisamos analisar o padrão de conduta para intuir a propensão, o que está por vir.
Ao se antecipar ao futuro, ao entender e atender uma tendência que ainda não se manifestou de forma explícita, será possível a escola perceber os sinais tênues quando eles estão começando a se evidenciar. Quanto mais tempo os sinais forem ignorados, mais a intenção de trocar de escola vai aumentar. Chega-se a esses sinais pela eliminação, uma a uma, das causas específicas de possíveis dificuldades que forem detectadas por respostas às seguintes perguntas básicas:
Quem será que reluta mais a sair?
Quem é menos fiel à escola?
Quem decide trocar de escola?
Por que o fazem?
O que essas famílias gostariam que a escola fizesse para que elas permanecessem?
O que existe na escola que deixa de ser atraente para elas?
Quais eram suas queixas genéricas?
E quando, finalmente, decidem trocar de escola, quais são os motivos reais?
Não tenho todas as respostas. Seria preciso fazer uma análise mais completa, procurando conhecer o amplo espectro de motivos pelo qual cada um de seus alunos veio até você. Por que eles estavam insatisfeitos com a escola anterior? O que eles viram em você que não encontraram em nenhum outro lugar? Essas características, quando identificadas com competência, devem servir de ponto de partida para traçar o padrão de conduta de troca de escola.
Ao levantar esse tema, o meu objetivo é tornar menos imprevisível a decisão dos pais em trocar de escola. A minha intuição, depois de conversar com várias famílias e analisar o padrão de conduta e os relatórios de saídas, é que existe a possibilidade de enxergar e reverter a maioria das intenções, antes que elas aconteçam. Vai depender da forte capacidade da escola em assumir uma postura pró-ativa, não ficar esperando acontecer e mantiver em mente o princípio de que “a melhor forma de resolver um problema é evitar que ele seja um problema”.