quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Aqui termina uma emocionante história de amor.

As escolas estavam entusiasmadas porque decidiram unir forças e iniciar negociações visando uma fusão das duas instituições. No íntimo, cada grupo de sócios sentia uma certa apreensão natural. As escolas eram diferentes uma da outra. Uma era mais conservadora, de origem religiosa, e a outra muito liberal. Mas os problemas financeiros falaram mais alto. O interessante é que, embora todos sentissem a mesma inquietude, nenhum deles queria deixar que o lado negativo atrapalhasse a união das duas escolas. Mas aquelas preocupações, deixadas de lado, não tardaram a se materializar. Dois anos depois uma crise irrompeu na escola. Os grupos de sócios remanescentes decidiram desfazer a fusão e um deles se retirou da sociedade. O divórcio foi inevitável. Isso poderia ter sido evitado?

Comentário

Desde o início os sócios manifestaram seus temores quanto a fusão das duas escolas. Mas nenhum deles se manifestou com convicção contra o movimento de união. Foi preciso um fato externo para eles abrirem os olhos. Os sócios conseguiram “ver” uma realidade que estava escondida debaixo do tapete: tinham cometido um erro, aquela fusão não daria certo. As fusões resolvem alguns problemas, mas criam outros. O sucesso da fusão em uma escola está relacionado com o trabalho em equipe, uma vez que extrapola as questões referentes ao lado financeiro e inclui percepções, histórias, valores, resistências e inteligências das pessoas. Várias pesquisas revelam que mais da metade das fusões não têm o resultado esperado. Os baixos resultados podem ser explicados por percepções equivocadas das reações das pessoas, resistências naturais à mudança, bem como pela complexidade do encontro de duas culturas, incapacidade de transferência de habilidades e competências, clima tenso que se instala pouco a pouco e as limitações dos líderes em lidar com tudo isso. A simples intenção de fundir não garante o sucesso e tampouco o fracasso. E não há nenhuma segurança que a fusão dará certo.
O aprendizado saiu extremamente caro e comprometeu a imagem da escola e de todos os envolvidos. Apesar de tudo a escola sobreviveu e conseguiu se reerguer pouco a pouco. Mas nunca mais ela foi a mesma.
Para quem está pensando em fazer uma fusão, existem alguns cuidados a tomar:
1) gerenciar a fusão o tempo todo;
2) ter clareza das habilidades, diferenças culturais e vantagens/desvantagens da fusão;
3) não imaginar que a fusão acontece por si mesma, superestimando a existência de sinergias;
4) cuidar permanentemente da integração das pessoas;
5) ficar de olho nos primeiros sinais de tensões pós-fusão;
6) estabelecer um prazo para o processo de integração;
7) comunicar o máximo possível;
8) eleger um líder para acompanhar o processo;
9) usar uma assessoria especializada em fusões para acompanhar todas as etapas antes, durante e após a fusão.

2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog. Gostaria de contribuir com um comentário. Empresas com culturas organizacionais e capacitações distintas,são percebidas de formas diferentes por seus stakeholders. Pela complexidade em suas relações públicas a assessoria especializada em comunicação de risco e crise deve fazer parte do planejamento estratégico não apenas nos momentos de reestruturação ou crise.

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  2. Prezada Silvana,

    De nada adianta a contratação de uma assessoria especializada se os donos das escolas não estiverem dispostos a aceitar a fusão como uma opção para resolver a sua crise financeira. Logo, a primeira medida é a conscientização dos donos das escolas. Nesse processo o papel de uma assessoria especializada é fundamental. Fora deste contexto, falar em fusão, parceria ou associação é pouco produtivo.

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